PENSAMENTO GEOGRÁFICO
- Ciência geográfica: A Geografia chamada Antiga, ou Nomenclatura, ou dos Viajantes, existiu até o século XVIII, mas não era uma ciência. Foi no século XIX, que graças às contribuições das escolas geográficas da Alemanha e da França, que a Geografia tornou-se uma ciência.
- Espaço geográfico: nada mais é do que a paisagem em sua totalidade (a configuração territorial), acrescida da sociedade. Estudar geograficamente o mundo ou parte do mundo é ir além da simples descrição da paisagem, pois esta não nos fornece elementos suficientes para uma compreensão global daquilo que pretendemos conhecer geograficamente. É essencialmente investigar a dinâmica social que está por trás das paisagens ou formas espaciais. Qualquer investigação, de fato geográfica, acerca do mundo, deve propor-se a investigar, principalmente, o modo pelo qual a sociedade produz o espaço geográfico. É na ideia que os homens fazem das coisas, nas suas formas de viver, de morar, de se divertir e nos seus movimentos ou nos de seus produtos, que encontramos o sentido conferido pelas dinâmicas sociais aos espaços geográficos. Hoje, é possível perceber a presença do mundo quase inteiro em cada recanto da Terra, já que as fronteiras dos países não são limites intransponíveis para a imposição de ideias e ritmos da moderna sociedade industrial.
- Paisagem geográfica: é formada pelo conjunto de elementos naturais e culturais e suas relações. As paisagens resultam da complexa relação dos homens entre si e desses com todos os elementos da natureza. Por trás de toda paisagem existe uma dinâmica particular que a determina, que a constrói, que a mantém com determinada aparência. Portadora de memória, a paisagem ajuda a construir os sentimentos de pertencimento; ela cria uma atmosfera que convém aos momentos fortes da vida, às festas, às comemorações. Dimensão simbólica de relação subjetiva do indivíduo com o espaço. (Paul Claval). Exemplo de descrição de paisagem: [...] Fechado ao sul pelo morro, descendo escancelado de gargantas até o rio, fechavam-no, a oeste, uma muralha e um vale. De fato, infletindo naquele rumo, o Vaza-Barris, comprimido entre as últimas casas e as escarpas a pique dos morros sobranceiros, torcia para o norte feito um cañon fundo. A sua curva forte rodeava, circunvalando-a, depressão em que se erigia o povoado, que se trancava a leste pelas colinas, a oeste e norte pelas ladeiras das terras mais altas, que dali se intumescem até aos contrafortes extremos do Cambaio e do Caipá; e ao sul pela montanha. [...] CUNHA, Euclides da. Os Sertões.
- Região: Em geral, a região pode ser entendida como uma área que foi dividida obedecendo-se a um critério específico. Uma região pode ser criada com a finalidade de realizar estudos sobre as características gerais de um território, assim como para entender determinados aspectos do espaço. A região resulta de uma elaboração racional e intencional do ser humano. Tem a finalidade de facilitar a análise, a gestão e a compreensão de uma determinada área e dos elementos que a compõem.
- Lugar: “Esta categoria pode ser definida como o espaço percebido, ou seja, uma determinada área ou ponto do espaço da forma como são entendidos pela razão humana. Seu conceito também se liga ao espaço afetivo, aquele local em que uma determinada pessoa possui certa familiaridade ou intimidade, como uma rua, uma praça ou a própria casa.”
- Território: Categoria amplamente utilizada no âmbito da política, esse conceito é comumente entendido como uma área delimitada por fronteiras e está relacionado com uma configuração de poder. É, portanto, uma área apropriada, uma porção do espaço geográfico onde uma relação hierárquica estabelece-se.
- Causalidade: é a própria lei de causa e efeito, característica de todas as ciências. Defendido, em Geografia, por Humboldt. Neste princípio, o geógrafo só realiza a Geografia plenamente como ciência quando demonstra, comprova e explica o fenômeno estudado, evidenciando suas causas e consequências.
- Determinismo: é um princípio radical e fatalista, empregado eventualmente em algumas situações, porém, não sempre e nem em todas. Frederico Ratzel admitiu o determinismo geográfico no relacionamento do meio com o homem, como se o meio fosse a causa e o homem a consequência. Para Ratzel, o homem é um produto do meio em que vive, subordinado, condicionado e fatalizado pelos imperativos fatores do meio natural.
- Analogia: é generalizar conclusões tirando as leis da Geografia Geral, é comparar acidentes ou fenômenos geográficos e também classificar grandezas dos acidentes ou fenômenos comparados, isto é, o princípio em que o geógrafo compara as características da área estudada com a de outras regiões da Terra, formulado por Karl Ritter e Vidal de la Blache.
- Determinista (ambiental): procurava explicar, a partir dos fatores naturais, principalmente o clima, desigualdades sociais e econômicas entre os povos. Seus defensores afirmam que as condições naturais, especialmente as climáticas, como a variação da temperatura ao longo das estações do ano, determina o comportamento humano, interferindo na sua capacidade de progredir. “Os climas temperados são excelentes para a civilização… o calor excessivo, debilita… e o frio excessivo, estupidifica.” (E. Huntington). Exemplo: “A Amazônia brasileira, uma das principais regiões do País, está fadada ao subdesenvolvimento. O distanciamento físico entre ela e as demais regiões e as condições naturais extremamente adversas impedem ou dificultam consideravelmente qualquer tentativa governamental de promover o crescimento econômico regional. É praticamente impossível pensar em desenvolvimento num espaço geográfico caracterizado por um clima com elevadas temperaturas médias mensais, uma umidade relativa do ar excessiva e solos bastante lixiviados.”
- Possibilista: apesar de o homem receber influências do meio onde vive, ele é capaz de modificá-lo e adaptá-lo às suas necessidades. Exemplo: “ A seca, no sertão nordestino, é um problema climático, mas a agricultura pode ser desenvolvida através da transposição de águas de rios, perfurações de poços e construção de canais.”
- Neoliberal: “Surgidos após a década de 30, os neoliberais mantiveram a mesma base lógica do liberalismo: crescimento e progresso. (…) Assim, diante da crescente concentração de capital, os neoliberais relativizaram a possibilidade de crescimento constante e ilimitado e introduziram a ideia de que o desenvolvimento é um processo gradual, que obedece a diferentes etapas e estratégias.” Seus defensores definem o subdesenvolvimento como um estágio ou fase anterior ao desenvolvimento. (Scalzaretto Reinaldo – “Geografia Geral – Nova Geopolítica” – Editora Scipione – 1999 – SP). Observação: está teoria está incorreta porque subdesenvolvimento não é um estágio essencial de um processo evolutivo que culminará necessariamente num quadro de desenvolvimento.
- Geografia Tradicional: defendida por Paul Vidal de la Blache
- Geografia Crítica: defendida por Yves Lacoste, não só contesta o pensamento dominante, mas também tem a intensão de participar de um processo de transformação da sociedade, situada no final do século XIX.
- Geografia Humanística: defendida por Yi-Fu-Tuan
- Geografia Quantitativa: reproduzida pelo IBGE
- Geografia Têmporo-espacial: defendida por Hagerstrand
- Malthusianismo: defendida por Malthus, a capacidade de crescimento da população é infinitamente maior do que a capacidade de produção de alimentos na Terra.
Princípio: progressão geométrica da população e progressão aritmética dos alimentos.
- Neo-Malthusianismo: década de 1960, caracteriza-se por atribuir aos pobres culpa pela sua própria pobreza. O crescimento populacional contemporâneo é responsável pela estagnação econômica do Terceiro Mundo porque os altos investimentos demográficos desviam os escassos recursos de capital do investimento produtivo. Logo, o planejamento familiar visa alterar as taxas de fertilidade sem precisar modificar as estruturas fundamentais da sociedade.
- Populoso: Pode-se chamar uma área ou região de populosa quando ela possui uma grande população absoluta.
Observação: Índia, Bangladesh e Japão são países considerados “formigueiros humanos”, mas apresentam diferentes perfis socioeconômicos. Isso significa que as grandes concentrações populacionais não determinam necessariamente a ocorrência de graves problemas sociais.
- População Economicamente Ativa (PEA): a repartição da PEA pelos setores de atividades reflete o grau de desenvolvimento econômico; o setor terciário apresenta-se em expansão em quase todos os países do mundo.
Países subdesenvolvidos: o número de pessoas empregadas no setor secundário vem aumentando devido à existência de um processo de industrialização e apresentam geralmente um setor terciário hipertrofiado;
- Crescimento Vegetativo: a taxa de crescimento natural da população tende a diminuir com o desenvolvimento econômico.
- "Africanização”: termo que designa países que, mesmo não pertencendo ao continente africano, apresentam as seguintes características: fome crônica, elevada dependência de ajuda humanitária externa e mortalidade causada por doenças já erradicadas na maioria dos países. Exemplos: Etiópia, Somália, Bangladesh, Haiti, Ruanda.
SOLOS
O solo é um componente terrestre essencial para os seres vivos e também para a realização das atividades econômicas, de forma a ser considerado um importante recurso natural. Em termos de composição geomorfológica, pode-se afirmar que os solos consolidam-se a partir de fatores exógenos do relevo.
FORMAÇÃO DOS SOLOS
O processo de formação dos solos é relativamente lento e gradual, de forma que os elementos e as condições naturais envolvidas são fundamentais para a determinação dos tipos e características desse recurso natural. Sobre a formação dos solos, também conhecida como pedogênese, depende, entre outros fatores, da atuação dos agentes intempéricos, tais como a água e os ventos. O solo se forma a partir do processo de decomposição da rocha de origem. Os principais elementos que interagem entre si na formação do solo são o tempo, clima, relevo, água e os seres vivos, inclusive o ser humano. A água é um dos importantes fatores de pedogênese, pois nas áreas de menor latitude ocorrem as maiores precipitações, assim como a maior profundidade dos solos. Nas áreas de declividade acentuada, os solos são mais rasos porque a alta velocidade de escoamento das águas diminui a infiltração; assim, a água fica pouco tempo em contato com as rochas, diminuindo a intensidade do intemperismo.
PERFIL DO SOLO
- Horizonte O: é a camada externa do solo, que, por sua vez, é composta por material orgânico em estágio de decomposição.
- Horizonte C: é a camada mais próxima da rocha-mãe e, por isso, possui muitos fragmentos de rocha intactos; corresponde à transição entre solo e rocha, apresentando, normalmente, em seu interior, fragmentos de rocha não alterados.
A evolução e o aumento da espessura do solo estão condicionados à escala do tempo geológico; o desenvolvimento do solo, ao longo do tempo, resulta na sua diferenciação em horizontes; o material inorgânico presente no solo resulta de alterações ocorridas na rocha.
CLASSIFICAÇÃO DOS SOLOS EM RELAÇÃO `À ORIGEM
A classificação dos solos, com relação à sua origem, é determinada pelo local de procedência da rocha que, após o processo de intemperismo, constitui esse solo.
- Aluviais: são formados a partir de rochas transportadas pela chuva e vento para os locais onde o solo será formado.
- Eluviais: quando a rocha que se decompôs e se alterou para a formação do solo encontra-se no mesmo local do solo.
CLASSIFICAÇÃO DOS SOLOS DE ACORDO COM A INFLUÊNCIA EXTERNA
- Azonal: solos em processo de formação, solos pouco desenvolvidos e muito rasos e "pedregosos", não possuindo todos os horizontes e camadas. A rocha de origem ainda está em processo de intemperização. Divide-se em solos aluviais e litossolos.
- Zonal: solos maduros, bem delineados e profundos. Exemplos: solos de pradaria, latossolos, podzóis e desérticos. Característicos dos climas quentes e úmidos, os latossolos possuem profundidades superiores a dois metros, e sua fertilidade é comprometida pelo intemperismo químico intenso; os solos de pradarias são ricos em cálcio e matérias orgânicas, por isso, são extremamente férteis e muito aproveitados para o desenvolvimento de atividades agrícolas e os solos desérticos são rasos e com fertilidade comprometida. Típicos das regiões de clima quente e com baixa umidade, são também classificados como zonais.
PROBLEMAS AMBIENTAIS
- Desertificação: Segundo dados das Nações Unidas, este fenômeno é responsável por impedir o aproveitamento de solos correspondentes a 6 milhões de hectares (60.000 km²) por ano devido ao sobrepastoreio, salinização dos solos por irrigação e processos de uso intensivo e sem manejo adequado na agricultura. O solo do meio oeste americano abrange algumas das áreas mais férteis do mundo. No entanto, máquinas enormes e pesadas, como as colheitadeiras, amassam a terra molhada e a transformam em uma camada indiferenciada e quase impermeável – em um processo conhecido como desertificação. As raízes não conseguem penetrar no solo; tampouco a água escoa terra adentro e, em vez disso, corre pela superfície, provocando a impermeabilização. O problema pode levar décadas para ser revertido.
- Agricultura: o aumento significativo da produção de alimentos é o resultado da modernização do campo e da introdução de novas técnicas agrícolas, principalmente no mundo desenvolvido onde é maior o nível de capitalização e onde são utilizadas as mais avançadas tecnologias. No entanto, essa revolução vem provocando uma série de impactos ambientais em ecossistemas agrícolas. . O plantio de uma única espécie, em grandes extensões de terra, causa desequilíbrios nas cadeias alimentares preexistentes, favorecendo a proliferação de pragas. A maciça utilização de agrotóxicos provoca a proliferação de linhagens resistentes, forçando o uso de pesticidas cada vez mais potentes, o que causa danos tanto aos trabalhadores que os manuseiam quanto aos consumidores de alimentos contaminados. A utilização indiscriminada de agrotóxicos acelera a contaminação do solo e seu empobrecimento, ao impedir a proliferação de micro-organismos fundamentais para sua fertilidade.
- Assoreamento: problema ambiental que decorre, indiretamente e sobretudo, das ações antrópicas sobre a natureza.
- Preservação: Um dos principais objetivos de se dar continuidade as pesquisas em erosão dos solos é o de procurar resolver os problemas oriundos desse processo, que, em última análise, geram uma série de impactos ambientais. Além disso, para a adoção de técnicas de conservação dos solos, é preciso conhecer como a água executa seu trabalho de remoção, transporte e deposição de sedimentos. A erosão causa, quase sempre, uma série de problemas ambientais, em nível local ou até mesmo em grandes áreas.A preservação do solo, principalmente em áreas de encostas, pode ser uma solução para evitar catástrofes em função da intensidade de fluxo hídrico. A prática humana que segue no caminho contrário a essa solução é o desmatamento.
SOLOS E VEGETAÇÃO
- Floresta Tropical: Apesar da riqueza das florestas tropicais, elas estão geralmente baseadas em solos inférteis e improdutivos. Grande parte dos nutrientes é armazenada nas folhas que caem sobre o solo, não no solo propriamente dito. Quando esse ambiente é intensamente modificado pelo ser humano, a vegetação desaparece, o ciclo dos nutrientes é alterado e a terra se torna rapidamente infértil. Pode parecer uma contradição a existência de florestas tropicais exuberantes sobre solos pobres. No entanto, este fato é explicado pela ápida reciclagem dos nutrientes, potencializada pelo calor e umidade das florestas tropicais, o que favorece a vida dos decompositores.
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